Já todos fomos o totó de "Love" que se apaixonou pela pessoa errada
Nesta semana trago-vos também a série que promete matar saudades de "True Detective".
Olá.
Decidi alterar a estrutura da newsletter para um formato que espero ser mais apelativo. Vamos experimentar lançar isto de duas em duas semanas e com menos sugestões em cada edição.
A ideia é torná-la menos pesada e de fácil leitura, o que para mim sempre foi o mais importante. Além disso, vai deixar de ser aquele e-mail que recebem uma vez por mês e que já nem se lembravam de que existia. Vamos a isso?
Estas são as séries que deveriam estar a ver.
“Broadchurch” (Netflix)
Não é “True Detective”, mas quase. Um miúdo aparece morto na praia de uma pequena vila inglesa e descobre-se que os habitantes têm um segredo mais ou menos obscuro. Qualquer um deles pode ser o assassino. É a típica investigação de dois detetives que aqui são protagonizados pelos excelentes David Tennant e Olivia Colman.
A escrita não desilude, as personagens estão bem aprofundadas e o enredo vai ficando cada vez mais complexo a cada episódio. O sucesso foi tal que foram filmados vários finais e os atores tiveram acesso limitado aos guiões durante as gravações.
“Catch-22” (HBO)
Esta comédia negra é deliciosa. Acompanha um soldado da Força Aérea durante a Segunda Guerra Mundial que, para deixar de combater, tenta todos os estratagemas de modo a ser considerado maluco.
Não cai na tendência de ridicularizar ou menosprezar os horrores da guerra e há ali momentos muito tensos e difíceis de ver — principalmente no ar. É produzida por George Clooney e se achavam que um nome gigante como este ia ofuscar a qualidade da série, pensem novamente. Do guião à fotografia, é tudo perfeito.
“Love” (Netflix)
Um nerd apaixona-se por uma manipuladora que acaba por ver naquele rapaz desajeitado e tontinho a solução para a sua vida problemática e instável. Foi uma das séries mais subvalorizadas de 2016 e conheço pouquíssima gente que a tenha visto.
A escrita é cativante e a história cria um sentimento de identificação com quem a vê. Precisamente porque já todos fomos o totó de “Love” que se apaixonou pela pessoa errada e que esperou que tudo fosse dar certo. No meu caso não deu. Está tão bem feita que os episódios de 30 minutos nunca sabem a pouco.
“The Terror” (Amazon Prime Video)
Arrisco em dizer que é melhor projeto de Ridley Scott em televisão. Inspirada numa história real, conta a expedição da marinha real britânica para descobrir a Passagem do Noroeste no Ártico. Spoiler: não correu bem e a tripulação ficou presa no gelo.
É aí que é obrigada a sobreviver ao frio, à falta de recursos e a uma figura misteriosa que nunca se vê e que simboliza o desconhecido. É daquelas séries que consegue sufocar o espectador à medida que a tragédia se vai desenrolado por entre atos primitivos, como o canibalismo, na tentativa fútil de sobreviver.
“Deadwood” (HBO. Sugestão de Safaa Dib)
“David Milch, foi até aos confins do Oeste americano do séc. XIX e, com uma eloquência shakespeariana extraordinária, recuperou um memorável leque de figuras históricas.
As três temporadas, de qualidade irrepreensível (rematadas por um filme que decorre dez anos após o final da série), constroem um retrato brilhante da civilização americana a irromper dos territórios sem lei, forjada por homens e mulheres que convivem diariamente com a violência e a morte nas fronteiras da nação. Uma série imperdível e que se encontra num patamar sem igual na ficção televisiva.”
É tudo por enquanto. Obrigado aos 1.252 subscritores até agora e à Safaa Dib (sigam-na no Twitter) por ter aceite o meu convite para escrever sobre “Deadwood”.
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Vemo-nos daqui a duas semanas, a 21 de julho. Qualquer dúvida ou sugestão, encontram-me pelo Twitter.
Fábio André Martins